Uma reportagem do jornalista Ricardo Feltrin, no portal UOL, fala sobre uma longa investigação do Ministério Público Federal contra a Jovem Pan, que se chegar ao extremo, pode levar à cassação da concessão de rádio do grupo.
Segundo a publicação, o Google (proprietário do YouTube), onde a Jovem Pan replica seu conteúdo e de seus comentaristas, também podem tomar medidas contra a emissora.
De acordo com informações publicadas por Feltrin, a notificação à rádio foi entregue nesta segunda-feira (9) na sede do grupo, na avenida Paulista. Assinado pelo procurador da República, Yuri Corrêa da Luz, o documento assinala que existem inúmeras provas de que a Jovem Pan, por meio de seus comentaristas e programas, atuou diretamente na disseminação de mentiras e defesa pelo rompimento da democracia.
Uma onda de demissões de profissionais com viés de direita teve início após a realização do segundo turno das eleições em outubro de 2022- como Augusto Nunes - e se estendeu nesse início de ano, como o que ocorreu nesta semana com o afastamento de Rodrigo Constantino, Zoe Martínez, Paulo Figueiredo (neto de João Batista Figueiredo, ex-presidente do Brasil) e Marco Costa.
Segundo a peça do MPF, "(A emissora) espalhou fake news, excedeu suas liberdades de expressão (...) e promoveu ações sistemáticas (...) que engendram desordem informacional ou de caos informativo, com potenciais efeitos danosos para compreensão da população".
O Ministério Público Federal aponta que o Grupo Jovem Pan atacou a "integridade cívica" de forma "persistente no tempo", e que essa ação organizada abala "a confiança dos cidadãos na democracia".
Concessão da Jovem Pan pode ser cassada?
Conforme informado colunista do UOL, a procuradoria pode determinar a judicialização do caso e sugerir medidas que podem variar de multas ou suspensão por 30 dias, até a cassação das concessões de rádio do Grupo Jovem Pan.
Entretanto, a emissora poderá reverter a situação evitando que o processo fique apenas na alçada do Ministério Público. Para isso, o grupo será obrigado a fazer o que é conhecido como "ajuste de conduta" e se comprometer a não mais divulgar fake news aos ouvintes e telespectadores.
Se houver recusa, enfrentará uma luta mais longa e desgastante para o grupo que conta 78 anos de existência. Além da emissora de rádio, tradicional no jornalismo, o conglomerado de comunicação lançou no ano passado a emissora de televisão Jovem Pan News.
O departamento de marketing da Jovem Pan comentou que ainda não tem um posicionamento a respeito do assunto.