Investir em outros países: conheça as possibilidades

Investir em outros países é o sonho de muitos brasileiros, e isso é mais fácil do que você imagina. Saiba como.

Investir no exterior é considerado por muitos brasileiros como uma das melhores opções para se proteger dos problemas macroeconômicos que rondam o nosso país.

Afinal, o Brasil já passou por muitas tempestades econômicas como congelamento de preços, trocas de moedas, hiperinflação e congelamento de poupanças.

Tudo isso trouxe insegurança para os investidores do país que passaram a buscar em ativos no exterior uma forma de proteção contra essas possíveis decisões governamentais.

Por que investir em outros países?

Um dos principais motivos para se investir no exterior é a busca por um país mais sólido, com menor risco e que possua instituições mais consolidadas.

É uma excelente alternativa para quem está de olho no longo prazo, e quer se proteger das oscilações e desvalorizações cambiais que normalmente acontecem em países de moedas mais fracas como o Brasil.

Além disso, é uma maneira de ancorar o investimento em moedas estrangeiras mais fortes como o Dólar Americano e o Euro. 

Considerando que as companhias estabelecidas nesses países desenvolvidos respondem mais rapidamente às inovações tecnológicas, essa é uma forma de se tornar acionista das maiores e mais modernas empresas do mundo.

Correlação negativa entre dólar e Selic

Uma outra vantagem de se investir no exterior é que você pode criar uma estratégia mais defensiva na sua carteira de investimentos, principalmente se o seu perfil é mais conservador.

Afinal, há uma correlação negativa entre dólar e Selic. Vamos entender isso. No Brasil o câmbio é flutuante, ou seja, o Real se valoriza ou desvaloriza frente ao dólar de acordo com as entradas de dólar no país.

Portanto, quando a taxa Selic está alta, há uma maior remuneração dos títulos de renda fixa no Brasil, logo há mais atratividade para os investidores estrangeiros investirem no país.

Quando eles trazem o capital para cá, há um aumento de dólares no mercado, em vista disso, a oferta de dólares fica acima da procura e consequentemente o Real se valoriza frente a moeda americana.

Ou seja, enquanto os juros sobem o dólar cai, e o mesmo acontece em sentido oposto. Quando os juros caem, o dólar sobe.

Para quem investe em títulos de renda fixa, ao investir no exterior, cria-se uma defesa, pois quando um lado passa a render menos, o outro rende mais.

Como é possível investir no exterior?

Com o avanço do mercado financeiro, surgiram muitas formas de investir no exterior. Sendo que em algumas delas não é necessário sequer abrir uma conta em uma corretora em outro país. Vamos falar sobre as principais delas.

BDRs

Uma das maneiras mais interessantes de investir fora do Brasil é por meio dos chamados BDRs. Essa é a sigla para Brazilian Depositary Receipts.

Em resumo, eles são valores mobiliários lastreados em investimentos internacionais, ou seja, em ações de empresas que não são negociadas na B3.

Imagine que você quer comprar ações da Apple. Uma forma para fazer isso é abrir uma conta em uma corretora nos Estados Unidos.

No entanto, o BDR replica exatamente essa ação, e é negociado na B3. Para isso é preciso ter uma instituição depositária que emite o BDR.

Esse é um título representativo que possui a rentabilidade atrelada ao rendimento da ação, uma vez que para cada BDR comprado, existe uma ação equivalente no exterior.

ETFs

ETF sendo que a sigla significa Exchange Traded Funds. O seu objetivo é replicar os resultados de um índice econômico.

Por exemplo, vamos imaginar o S&P 500 que representa as 500 maiores empresas negociadas na Dow Jones. Um ETF terá ações dessas 500 empresas em seu portfólio, e por isso replica o índice.

Ao investir nesse tipo de ativo, você está se expondo a esse índice. Vale destacar que existem muitos ETFs que replicam diversos tipos de índices. Essa é uma forma de se expor aos índices internacionais sem precisar abrir uma conta no exterior.

Fundos Multimercados

Os fundos multimercados são uma espécie de condomínio de investidores. Eles englobam recursos de várias pessoas e realocam em ativos no exterior.

Os resultados obtidos desses fundos são divididos proporcionalmente pelas pessoas que o compõem, chamados de cotistas. Afinal, cada investidor possui uma determinada quantidade de cotas do fundo.

Os gestores do fundo podem escolher entre ações, outros fundos no exterior, moedas, enfim, diversos tipos de ativos estrangeiros para compor o próprio fundo.

Abrindo uma conta em uma corretora internacional

Uma outra maneira de investir no exterior é abrindo uma conta em uma corretora internacional. Nesse caso, os documentos exigidos variam muito de instituição para instituição.

Geralmente é exigido o CPF, a cópia do passaporte, um comprovante de residência, declaração do IR, além de outras informações.

Depois que você abrir a conta, você pode mandar dinheiro direto do Brasil para os Estados Unidos e investir na Bolsa de Valores Americana.

O grande problema é que todos os balanços das empresas, bem como a regulação é em inglês, e por isso é fundamental ter fluência na língua para investir dessa forma.

Além disso, para remeter o dinheiro do Brasil para o exterior é preciso utilizar um banco ou corretora de câmbio que seja autorizada pelo Banco Central.

As cobranças variam de corretora para corretora, mas todas elas cobrarão o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) a uma alíquota de 0,38% sobre o valor.

Vale dizer que a cotação do câmbio é baseada no câmbio comercial, com um pequeno adicional. Ademais, também é preciso atenção em relação à cobrança do IR nos EUA.

Vale a pena investir no exterior?

O investimento no exterior vale a pena para quem tem um conhecimento mais avançado do mercado financeiro, e domine o inglês. Caso contrário, é mais indicado investir em ativos do exterior na própria B3 pelos mecanismos acima citados.

Como há uma oscilação constante na cotação do câmbio, é preciso estar muito atento a esse tipo de investimento, e usá-lo em uma estratégia mais ampla, ou seja, não expor todo o capital em ativos fora do Brasil.

Quando bem adotado dentro de uma estratégia de investimentos, essa pode ser uma boa alternativa para quem quer ampliar o seu portfólio.


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