Padre é vaiado e cinegrafista hostilizado por bolsonaristas em Aparecida, mostra CNN

Arcebispo Dom Orlando Brandes foi vaiado enquanto pregava sobre fome, desemprego e direito ao voto

Imagem: TV Aparecida

Um padre foi vaiado e um cinegrafista da TV Vanguarda hostilizado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) precisou ser escoltado por funcionários da TV Aparecida nesta quarta-feira, 12 de outubro, dia em que os católicos prestaram homenagem à padroeira Nossa Senhora de Aparecida. 


Nas imagens mostradas pela CNN Brasil  é possível ver bolsonaristas hostilizando um cinegrafista da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo no Vale do Paraíba. Segundo a emissora, não era possível ouvir o teor da discussão, mas o profissional estava sofrendo uma agressão verbal por parte de algumas pessoas na Basílica de Aparecida (SP).



Vários funcionários da TV Aparecida tentaram acalmar os manifestantes e escoltaram o cinegrafista da TV Vanguarda, evitando o risco de sofrer danos físicos. 


Imagem: CNN Brasil

Segundo a repórter Daniela Lopes, da TV Vanguarda, em entrevista ao portal  UOL, os bolsonaristas tentaram agredir fisicamente os jornalistas, que ficaram acuados em meio ao grupo de pessoas que estavam vestindo verde e amarelo e carregando a bandeira do Brasil. 

A tentativa de agressão só foi  impedida por causa da intervenção de um segurança que acompanhava os profissionais de imprensa.

Arcebispo vaiado ao falar sobre fome em celebração


Um dos fatos que chocou católicos que estavam na celebração e também acompanhando o evento religioso pela TV Aparecida ocorreu na parte da manhã envolvendo o arcebispo da Arquidiocese, Dom Orlando Brandes.

Durante a homilia na principal missa celebrada no Santuário de Aparecida no Dia da Padroeira, Dom Orlando Brandes, falava no sermão que o Brasil precisa “vencer muitos dragões” referindo-se à fome e ao desemprego,  quando começou a ser vaiado por um grupo de pessoas.

“Temos o dragão do ódio, que faz tanto mal. E o dragão da mentira, e a mentira não é de Deus, é do maligno. O dragão do desemprego, o dragão da fome. O dragão da incredulidade", disse o arcebispo.

Ele ainda  defendeu o direito ao voto e disse aos participantes da celebração  que é “necessário exercer esse direito e poder do povo”. O sacerdote retomou a pregação  sobre a fome e frisou que o Brasil precisa de “paz e fraternidade”.

"Escutar Deus, mas escutar também o clamor do povo. Porque ela escutou muito bem no Evangelho. Eles não têm mais vinho. No nosso caso, faltando pão, faltando paz, faltando fraternidade. Esses são os vinhos que todos nós precisamos nos dias de hoje”, falou.

O  padre Eduardo Ribeiro que celebrava a missa das 14 horas também foi vaiado por apoiadores de Bolsonaro aos gritos de “mito”.  O sacerdote falava sobre a fome e a desigualdade social quando foi interrompido com vaias e algumas  palavras de ordem.

No meio da confusão, padre Eduardo Ribeiro pediu silêncio e sugeriu aos fiéis para preparar  o “coração”, “Viemos aqui para rezar”, disse o religioso.

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