O médium Fernando Ben, fundador da Filosofia de Fátima, anunciou em maio a sua pré-candidatura a vereador pelo Rio de Janeiro.
A decisão só aconteceu após muita reflexão e após resolver trilhar o caminho da política, Fernando Ben recebeu diversas manifestações de carinho nas redes sociais.
“Não gostava do termo política, pois associava à politicagem e a erros humanos dentro da política”, disse ele que está filiado ao PTB.
Abaixo, uma entrevista concedida por Fernando Ben ao portal Estado do Paraná após o anúncio oficial de sua pré-candidatura a vereador pelo município do Rio de Janeiro.
Fernando Ben, o que o motivou ou o convenceu a se lançar como pré-candidato a Vereador pelo Rio de Janeiro?
Em primeiro lugar, obrigado pelo convite para esta entrevista.
Sobre sua pergunta:
Eu sempre pratiquei a política e não sabia. Não gostava do termo política, pois associava à politicagem e a erros humanos dentro da política.
Sempre ouvi as pessoas, mediava conflitos familiares, que chegavam na instituição social que fundei, buscava ajudar o coletivo.
Como diria Frei Beto (frade dominicano, jornalista graduado e escritor brasileiro) “Nem tudo é política, mas a política está em tudo!”
Quando passei a estudar sobre o assunto, percebi que poderia ser útil com minhas duas vocações sociais, a psicologia e a política.
Sinto um desejo grande de ser mais útil à sociedade.
Graças a Deus, estou me formando em Psicologia, sou Fotógrafo profissional, não busco meio de vida, busco agregar soluções ao município do Rio de Janeiro, trazer mais humanidade na política.
Concluo esta resposta com um pensamento de Platão, filósofo (Atenas, 428/427 – Atenas, 348/347 a.C.):
“Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam.”
Está filiado a qual partido?
O PTB. Um partido político brasileiro fundado pelo ex-presidente do Brasil, Getúlio Vargas. No seu estatuto na página 6, no que se refere ao aspecto político, gosto do item que diz: “O PTB é um partido que defende o trabalhador. É o partido dos que trabalham e dos que trabalham para gerar empregos. O PTB não é um partido classista”.
E ainda declara no item seguinte da mesma página:
“O PTB considera a democracia como valor fundamental e defende:
a) Respeito aos direitos e garantias fundamentais;
b) Respeito aos direitos das minorias;
c) Voto direto, secreto, facultativo e universal, em todos os níveis;
d) Pluripartidarismo, com cláusula de desempenho;
e) Direito à livre informação e garantia da privacidade;
f) Igualdade de oportunidades;
g) Igualdade de todos perante à lei;
h) A impessoalidade, a probidade, a publicidade, a legalidade e a eficiência no Poder Público.
“Neste aspecto, nessa perspectiva, o Partido atende aos meus anseios de melhoria social, junto aos que são considerados minoria, na busca pela justiça na igualdade perante à lei etc.
Todas as pessoas que estavam ou estão no partido e agem de forma errada não me representam e, acredito, muito menos representam as regras e o estatuto do PTB.
Como vereador, qual será sua principal bandeira?
Caso seja eleito, vou seguir a bandeira que levanto desde os dezesseis anos, ajudar os menos favorecidos. Sempre morei na periferia e sei o que o cidadão que mora na periferia reclama, sofre e anseia por soluções.
Mas isso não quer dizer que não busque soluções para os empresários, sem prejudicar o trabalhador, claro, pois sem o empresário, não há trabalho.
Por causa da Psicologia, meu conhecimento permeia com facilidade na área da Saúde e Educação, porém não são fatores isolados.
Como atender a saúde se o trabalhador se estressa em um sistema de transporte coletivo falho? Como ter uma boa educação, se o estudante não se sente seguro para ir até à escola ou faculdade, ou mesmo o professor se sinta inseguro com alunos agressivos e muitas vezes ligados às facções criminosas?
Pela lógica dos fatos, existe uma bandeira: O ser humano.
Se preciso informar algumas bandeiras, a Saúde e a Educação.
Mas excluir as demais é negligenciar a própria pluralidade da vida e a importância de todos os setores.
Busco mais humanidade na política e qualidade de vida aos que dependem dela, nós!
Como você enxerga a política neste momento em que o país vive?
Um pensamento de Sigmund Freud, médico e fundador da psicanálise (Freiberg in Mähren, 6 de maio de 1856 – Londres, 23 de setembro de 1939), reflete bem o que percebo do cenário político atual:
“Cães amam seus amigos e mordem seus inimigos”.
Bem diferente das pessoas, que são incapazes de sentir amor puro e têm sempre que misturar amor e ódio em suas relações.
resos aos seus instintos mais primitivos, mesmo que bem intencionadas, as pessoas vão tentar se proteger atacando e nesta guerra ideológica, todos perdem a razão e quem continua padecendo é o trabalhador. O que paga os impostos e fica na esperança e à mercê da boa vontade política.
Há, claro, os que são luzes em qualquer lugar que estejam, eu anseio por mais pessoas assim na política.
Muitos acham ingenuidade da minha parte, pois tenho a convicção de que o “O Amor é uma força revolucionária”, pode transformar nações.
A Pandemia, o medo da morte, a falta de interesse de quem poderia ajudar, a sensação de impotência dos que queriam ajudar e não tinha como, refletem um momento político conturbado e atual.
Por isso busco mudanças, como diria Heráclito, filósofo, (aproximadamente 500 a.C. – 450 a.C.):
“Nada é permanente, exceto a mudança.”
Fernando Ben, se eleito vereador, continuarão normalmente seu trabalho social e espiritual na Filosofia de Fátima? Conseguiria conciliar?
Eu sempre conciliei o tempo com as atividades sociais e espirituais, minhas atividades profissionais e meus estudos.
Acredito que, sendo eleito, apenas a Fotografia não poderia cumprir diretamente. Mas, havendo esta mudança em minha vida, treinarei jovens da região para me substituir nos eventos, ensaios, casamentos, etc. Assim, trarei renda para pessoas do bairro e poderei usar meu equipamento fotográfico nestas oportunidades. Não deixarei meus clientes na mão e tudo seguirá bem para muitos.
Como me formo em breve, terei mais tempo disponível.
Pretendo, se houver esta oportunidade, legislar, clinicar online, cuidar da família e continuar sem alterações nas atividades que tenho em meu ambiente de fé, nem mesmo nas viagens.
Acredito que irei expandir o que já faço e, quem sabe, com muito trabalho e dedicação perceber mais pessoas felizes e com foco em seus sonhos a partir daquilo que venho realizando com tanta gente.
Outra coisa importante de registrar: “ninguém faz nada sozinho.”
Tenho uma equipe muito competente, disposta a trabalhar muito, caso seja eleito.
A Filosofia de Fátima só se expande com pessoas sérias dirigindo, com competência, seus grupos e casas filiadas no país e fora. Cabendo a mim ajudar nas reuniões das Cartas de Fátima, palestrar pela Filosofia e buscar mais e melhores formas de ajudar o próximo.
Outras pessoas nesta fé, já exerceram cargos políticos: Eurípedes Barsanulfo, Bezerra de Menezes etc. e continuaram cumprindo seu papel na fé e socialmente. Pretendo seguir estes exemplos.
Mas não perdendo a humildade e nem a razão, na impossibilidade de conciliar, o que acho difícil de ocorrer, apenas por uma alusão hipotética, escolherei a Filosofia de Fátima e as obras sociais.
A ideia é expandir o bem, nunca deixar inacabado o bem já feito!
Na sua opinião, como cada pessoa pode contribuir com o país neste momento, sendo político ou não.
Segundo Oscar Wilde (que foi um influente escritor, poeta e dramaturgo britânico de origem irlandesa e que viveu entre 1900): “Chamamos de ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão olhando. O conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos de caráter.”
Sendo assim, nós todos precisamos agir com ética e caráter em todas as situações da vida.
Em um momento de pandemia, pessoas cobram cinco vezes o valor do arroz em um bairro de pessoas pobres, mesmo sem o aumento direto do valor do produto pelos fornecedores.
Diante de uma propaganda de auxílio emergencial que não respeita a verdade e nega o auxílio para milhares de pessoas com a necessidade real, vemos exemplos em micro e macro escala que a ética e caráter não estão sendo usados em sua totalidade, por isso tanta descrença. Mas não justifica os atos que imitam esta corrupção ativa e passiva.
Por fim, lembro o pensamento de Mario Sergio Cortella (filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário brasileiro):
“É necessário cuidar da ética para não anestesiarmos a nossa consciência e começarmos a achar que tudo é normal.”
Não é normal a corrupção, em nenhum nível da sociedade.
Só a ética e caráter, juntos, fomentarão mudança em qualquer cidade.
Que mensagem você deixa para todos neste momento, especialmente sobre as brigas ideológicas e políticas que, muitas vezes, geram desarmonia no universo?
Qualquer ideologia que não cumpra o bem estar físico, psicológico, social de cada pessoa é uma ideologia sem propósito à qualidade da vida humana.
Se as pessoas brigam por ideologia, deixam de ajudar, diretamente a quem precisa, nas palafitas, favelas, nas ruas, pessoas que sofrem pela subsistência do básico.
Lembro-me de que, quando passei quase dois meses morando na rua, acordei com chute de policiais, apenas por estar dormindo em frente a uma igreja. Rapazes da burguesia olindense me jogavam garrafas e gritavam impropérios. Só sabe da dor da fome quem passa, só sabe o dissabor do preconceito quem vive isso, só sabe o peso do descaso dos que têm poder ou chance de ajudar, quem atravessou esta injustiça.
Discutam menos, ajudem mais!
Exercitem o que diz a religião de vocês, pois hipocrisia também é pecado.
Se coloquem no lugar dos que padecem, pois poderia ser um de vocês.
Disse sabiamente Martin Luther King ( que foi um pastor protestante batista e ativista político estadunidense. Que viveu entre 1929 e 1968 ):
“Não há nada de mais trágico nesse mundo do que, saber o que é certo e não fazê-lo.”
“Que tal começarmos um mundo melhor por nós mesmos?”
Foto:Thais Ben